segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Diário de Anne Frank

Quem ainda não leu O Diário de Anne Frank?

Horror e paixão que se cruzam em esperança e dor...
Uma homenagem àquela a quem devemos esse «milagre da salvação» aqui fica para nos recordarmos que os erros daqueles homens não podem voltar, jamais.
1909-2010
Miep Gies
A guardiã do Diário de Anne Frank

(PÚBLICO) 2010.Jan.13 Susana Almeida Ribeiro

Miep Gies manteve os manuscritos a salvo dos nazis, na esperança de um dia poder devolvê-los à autora, que entretanto morreu num campo de concentração
Tinha 100 anos e foi uma das pessoas que ajudaram Anne Frank e a família a esconderem-se dos nazis. Miep Gies, guardiã dos manuscritos que deram origem ao clássico universal O Diário de Anne Frank, morreu ontem, na Holanda, na sequência de uma queda que tinha dado por altura do Natal.
Nascida em Viena, a 15 de Fevereiro de 1909, Miep Gies mudou-se com a família para a Holanda em 1922. Conheceu a família Frank em 1933, quando.se candidatou a uma vaga para secretária na empresa de especiarias Opekta, dirigida pelo pai de Anne Frank, Otto Frank.
Foi em 1942, em plena II Guerra Mundial, que lhe foi confiado um segredo: "Otto Frank, o meu chefe, pediu-me que passasse pelo seu escritório. Quando entrei, disse-me: 'Senta-te. Tenho uma coisa muito importante para te contar. Um segredo, na verdade. Pensámos em nos esconder, aqui, neste prédio. Estarias disponível para nos ajudar, para nos trazeres comida?' Eu respondi que sim, naturalmente", contou a própria Gies numa entrevista publicada no site da Casa de Anne Frank, transformada em casa-museu.
A última sobrevivente do grupo de pessoas que escondeu os Frank sempre recordou que os verdadeiros heróis em toda a história foram pessoas como o seu próprio marido, Jan, a par com outros funcionários da empresa de Otto, que, em conjunto, ajudaram os oito judeus escondidos no sótão do número 263 de Prinsengracht, em Amesterdão. "Eles estavam indefesos, não sabiam para onde se virar... Cumprimos as nossas obrigações enquanto seres humanos: ajudámos pessoas em dificuldade."
A função de Miep era levar à família vegetais e carne, ao passo que outras pessoas tinham a função de lhes entregar pão e livros.
Depois de os nazis terem descoberto o anexo secreto, após uma denúncia às autoridades, e terem detido a família Frank, Miep Gies voltou ao sótão e encontrou, no chão, os manuscritos de Anne. Na altura recorda-se de ter decidido que não iria lê-los, respeitando o direito da autora à privacidade. Nessa altura limitou-se a recolher e a pôr a salvo os documentos.
Património documental
Mas nunca conseguiria devolvê-los à autora. Anne Frank acabou por morrer de febre tifóide no campo de concentração de Bergen-Belsen, a 12 de Março de 1945, quando tinha apenas 15 anos – e por isso, nesse mesmo ano, Miep entregou os documentos a Otto, o único membro da família de Anne que conseguiu sobreviver aos campos de concentração alemães.
A obra foi finalmente publicada, em formato de diário, em 1947. O livro converteu-se num êxito universal – estima-se que esteja, hoje, entre os dez livros mais lidos do mundo –, com tradução em 60 línguas e mais de 25 milhões de exemplares vendidos, afirmando-­se como um dos testemunhos mais vivos da implacável perseguição nazi aos judeus durante o Holocausto.
O Diário de Anne Frank integra, aliás, a lista de 35 bens do património documental mundial "de interesse universal" propostos em 2009 pela UNESCO ao programa Memória do Mundo.
Desde a publicação da obra, Miep Gies viajou por todo o mundo narrando as suas experiências durante o Holocausto e a trágica perseguição aos judeus, o que lhe valeu um enorme reconhecimento público.
Refutou, durante toda a vida, as alegações de que o diário da jovem autora teria sido forjado.
Em Agosto do ano passado foi anunciado um filme da Disney acerca da vida de Anne Frank. O argumento e a realização ficarão a cargo de David Mamet.

GALILEU - Portugal esperou 400 anos pela tradução do «Mensageiro das Estrelas»

[Sabia que...]

Portugal esperou 400 anos pela tradução de uma obra de Galileu [?]
(PÚBLICO) 2010.Fev.10 Ana Machado


Livro foi escrito em 1610. Para o comissário do Ano Internacional da Astronomia em Portugal, esta obra é "um marco na Astronomia e na ciência"



Chama-se O Mensageiro das Estrelas, Sidereus Nuncius, no original, e é a primeira obra de Galileu a ser traduzida na íntegra em Portugal. O lançamento, marcado para 17 de Março, encerra as comemorações em Portugal do Ano Internacional da Astronomia, que celebrou os 500 anos das primeiras observações do céu com um telescópio, feitas por Galileu.
Escrito há 400 anos, o Mensageiro das Estrelas, ou Mensagem das Estrelas, é considerada uma das obras mais importantes do pensamento ocidental, é um marco na história da Astronomia, diz num comunicado João Fernandes, comissário do Ano Internacional da Astronomia em Portugal.
Com tradução e anotações de Henrique Leitão, investigador do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, coordenador da edição completa das obras de Pedro Nunes, lançadas pela Fundação Calouste Gulbenkian, O Mensageiro das Estrelas é, nas palavras do próprio tradutor, "um livro único na história da ciência e uma das obras mais importantes em toda a história do pensamento ocidental".
"Nunca na história da ciência uma obra provocou tanta comoção e deu origem a debates tão acesos como esta", diz o investigador sobre a obra, publicada em 1610 e escrita para "causar sensação". "Tem uma clara conotação jornalística: relatar, em tom vivo e rápido acontecimentos e observações sensacionais. Galileu escreveu para causar sensação", explica Henrique Leitão.
Para o comissário para o Ano Internacional em Portugal, João Fernandes, O Mensageiro das Estrelas é "um marco na Astronomia e na ciência". No livro, Galileu revela e discute as primeiras observações astronómicas alguma vez feitas com o auxílio de um telescópio.
Com nota de abertura do investigador belga Sven Dupré, um dos maiores especialistas mundiais no telescópio de Galileu, o livro integra ainda um estudo e a tradução de Henrique Leitão, uma cronologia e ainda um fac-símile integral da edição original do Sidereus Nuncius, de 1610.
"É [um livro] dirigido para um público geral, mas instruído. Isto é, dirige-se exactamente ao mesmo tipo de pessoas a que Galileu tentou chegar quando publicou o seu livro em 1610", refere Henrique Leitão, que lembra que, apesar de ser a primeira vez que se traduz uma obra de Galilei em Portugal, O Mensageiro das Estrelas já tinha uma tradução em Português feita no Brasil.